25 janeiro, 2010

Aulas nº 61/62 - 18.01.2010

Sumário:
  • Análise e resumo de um texto sobre a teoria explicativa de David Hume.

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11) Em principio existe uma diferença entre as percepções da mente.
Estas podem copiar as percepções dos sentidos, mas nunca atingem inteiramente a força e vivacidade do sentimento original. O máximo que delas afirmamos é que representam o seu objecto de uma maneira tão viva que poderíamos quase dizer que o sentimos, a não ser que a mente esteja desarranjada, elas nunca podem chegar a tal nível de vivacidade que tornem totalmente indistinguíveis as percepções.
É notável a distinção similar que predomina em todas as outras percepções da mente.
Numa reflexão acerca dos nossos sentimentos e estados de ânimos passados, percebemos que o nosso pensamento é um espelho fiel, repetindo cada objecto com verdade. Porém, as cores do mesmo são baças, comparadas com as que revestiam as nossas percepções originais
12) Pode-se dividir todas as percepções em duas classes que se distinguem pelos seus diferentes graus de força e vivacidade. Às menos intensas e vivas chamamos de "pensamentos" ou "ideias" e ao outro tipo chamamos de "impressões". São exemplos de impressões: ouvir, ver, sentir, amar, odiar, desejar e querer. Distinguem-se das ideias pois as ideias são menos intensas.
13) O pensamento do homem parece, à primeira vista, mais livre do que qualquer outro, e não se limita à natureza e à realidade. Isto é, imaginamos coisas que não existem, coisas que nunca ninguém viu… e damos-lhes vida na nossa imaginação. Todos os materiais do pensamento são resultantes da sensibilidade externa ou interna.
14) Os dois argumentos seguintes serão, espero, sufi cientes para provar isto. Primeiro, ao analisarmos os nossos pensamentos ou ideias, por muito compostas e sublimes que sejam, sempre descobrimos que elas se resolvem em ideias tão simples como se fossem copiadas de uma sensação ou sentimento precedente. Mesmo as ideias que, à primeira vista, parecem afastadas destas origem, descobre-se. após um escru­tínio mais minucioso, serem dela derivadas. Podemos prosseguir esta inquirição até ao ponto que nos agradar, onde sempre descobriremos que toda a ideia que examinamos é copiada de uma impressão similar. Aqueles que afirmarem que esta posição não é universalmente verda deira nem sem excepção têm um só e fácil método de a refutar, apresentando essa ideia que, na sua opinião, não é derivada desta fonte. Compete-nos, pois, a nós, se havemos de manter a nossa doutrina, mostrar a impressão, ou a percepção viva que lhe corresponde.
15) Um homem cego não pode formar nenhuma noção das cores, e um surdo, dos sons. Restitua-se a cada um deles o sentido em que é deficiente. Um lapão ou um negro não têm noção do paladar do vinho. Admite-se prontamente que outros seres possam possuir muitos sentidos dos quais não temos nenhuma noção, porque as ideias deles nunca nos foram introduzidas da única maneira pela qual uma ideia pode ter acesso à mente, isto é, através da sensibilidade e da sensação efectivas.


16) Existe um fenómeno contraditório que pode provar que não é absolutamente impossível surgirem ideias independentes das suas impressões correspondentes. Suponhamos, que uma pessoa desfrutou da sua visão durante trinta anos e que se tornou perfeitamente familiarizada com cores de todas as espécies, excepto com um matiz particular de azul, por exemplo, que nunca teve a sorte de encontrar, logo, ela conseguirá descobrir de todas as cores aquela que não conhece.
17) Todas as ideias, em especial as abstractas, são naturalmente vagas e obscuras; a mente tem delas apenas um escasso domínio. E são propensas a confundir-se com outras ideias semelhantes: e quando utilizámos muitas vezes algum termo, embora sem um significado distinto, temos a inclinação para imaginar que possui uma ideia determinada a ele anexa. Mediante esta tão clara elucidação das ideias, podemos justamente esperar remover toda a disputa que possa surgir acerca da sua natureza e realidade.

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